Ainda não se sabe exatamente quais são as causas da esquizofrenia e dos outros transtornos psicóticos. Entretanto, a combinação de fatores genéticos, psicológicos e ambientais pode aumentar o risco para o desenvolvimento desses transtornos mentais. Entre os fatores de risco apontados pelas pesquisas científicas estão:

• Ter um familiar com diagnóstico de transtornos psicóticos (fator genético);
• Usar drogas, tais como, cigarros, bebidas alcoólicas e maconha, principalmente durante a infância e adolescência;
• Vivenciar situações estressantes, tais como: perder alguém que você gosta; terminar um namoro; divorciar-se; apresentar dificuldades financeiras; perder o emprego ou o lugar que mora; sofrer alguma violência ou abuso físico, sexual ou emocional; ter tido algum trauma na infância; entre outros;
• Ter tido complicações durante a gestação e nascimento, ou seja, pessoas que tiveram complicações durante o período em que estavam se desenvolvendo no útero de sua mãe e/ou também no parto. Essas complicações incluem: nascer prematuro, a mãe não ter se alimentado direito e estar desnutrida durante a gravidez; o uso drogas, ter infecções ou vivenciar estresse durante a gravidez.
• Crescer e viver em cidades grandes: morar em áreas com grande número de habitantes, ou seja, cidades grandes, pode aumentar a chance de vivenciar situações causadoras de estresse, violência, e maior exposição a infecções e poluição.

Lembramos que os fatores de risco não determinam que uma pessoa desenvolverá algum transtorno psicótico, mas eles podem contribuir, isoladamente ou se unirem a mais de um fator, para aumentar a chance do desenvolvimento deste problema de saúde. Não se assuste com tantas informações, as orientações e conteúdos de nosso website poderão ajudar no melhor entendimento deste item!

Os transtornos psicóticos apresentam como principais sintomas os delírios; alucinações; pensamento, fala e comportamento desorganizados; e sintomas negativos.

Delírios: são pensamentos muito fortes de coisas que não são reais. A pessoa que vivencia um delírio pode achar que está sendo perseguida; que alguém está lhe espionando ou querendo lhe fazer algum mal; pensar que tem poderes ou missões especiais; acreditar que outras pessoas podem ouvir, controlar e/ou roubar seus pensamentos, entre outros.

Alucinações: são alterações dos nossos sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar), tão fortes, que também parecem reais. A pessoa com alucinações pode ter a experiência de ouvir, ver ou sentir coisas que não existem. Assim, pode ser difícil para a pessoa diferenciar o que é real e o que não é!

Desorganização do pensamento ou da fala: a pessoa pode sentir dificuldade em organizar os pensamentos; apresentar dificuldade em entender algumas coisas que antes pareciam simples; e dificuldade de expressar seus pensamentos, sentimentos e emoções. É comum também apresentar dificuldade de se concentrar e de se lembrar de algumas coisas do dia a dia. Além disso, as ideias e falas da pessoa podem parecer confusas e sem sentido.

Desorganização do comportamento: a pessoa pode apresentar uma mudança no seu modo de agir. Entre algumas mudanças de comportamento que podem ser observadas estão: dificuldade em manter a higiene pessoal; ficar mais agitado do que o costume ou não conseguir fazer nenhum movimento; dificuldade de controlar seus impulsos; e fazer coisas que parecem sem sentido.

Sintomas negativos: a pessoa pode apresentar falta de motivação, energia e interesse para realizar atividades do dia a dia; perda da capacidade de ter prazer em atividades agradáveis ou em relacionamentos; dificuldade para conversar com outras pessoas e preferir ficar mais sozinha (isolamento social); passar maior parte do tempo sentada ou deitada; diminuição de expressões faciais (dificuldade de demonstrar alegria ou tristeza); e poucas mudanças no tom de voz.

É importante destacar que a pessoa que está apresentando um ou mais desses sintomas pode não perceber que não está bem. Então, é fundamental a ajuda de familiares e amigos na identificação dos sintomas e para a busca de ajuda!

O uso de medicamentos adequados é fundamental para o tratamento da esquizofrenia e de outros transtornos psicóticos. Além disso, existem outras opções de tratamentos que, em conjunto com o uso dos medicamentos, trazem resultados positivos para pessoas com diagnóstico de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico. Esses tratamentos incluem a psicoeducação, intervenções familiares, psicoterapia e treinamento de habilidades para a vida. O tratamento deve ter como objetivo diminuir os sintomas do transtorno, melhorar a qualidade de vida da pessoa diagnosticada e sua família, e evitar recaídas da doença (ou seja, a piora da doença). Além disso, os cuidados em saúde também devem incluir o apoio à família, a promoção da atividade física, a prevenção do uso de drogas, o fortalecimento das relações familiares e de amizade, e o preparo da pessoa com transtorno psicótico para voltar com as atividades da vida diária (por exemplo, trabalho, estudo, cuidado pessoal e de sua casa).

A realização do tratamento, de forma correta e contínua, é essencial para aumentar a qualidade de vida da pessoa com transtorno psicótico. Com o tratamento adequado, muitas pessoas com transtornos psicóticos podem levar uma vida satisfatória. Por isso, não deixe de se cuidar e nem tenha vergonha de realizar o tratamento de maneira adequada!

Caso perceba que você ou alguém que conheça esteja apresentando problemas de saúde mental, é fundamental procurar ajuda o mais rápido possível. Os principais serviços de saúde que podem ser úteis para a busca de tratamento são:

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nas suas diferentes modalidades (CAPS 1, 2, 3 e infantil): são serviços de saúde mental abertos à comunidade, podendo ser utilizados sem necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento. Nestes serviços existem diferentes formas de tratamento para os transtornos mentais, tais como a consulta com psiquiatra, atendimento de enfermagem, cuidado às famílias, psicoterapia individual ou em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, entre outros.

Serviços de Atenção Básica à Saúde – conhecidos como Unidades Básicas de Saúde (UBS), Estratégia de Saúde da Família (ESF) e Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF): esses serviços são popularmente chamados de “postinhos de saúde” e oferecem assistência em saúde para toda a população. Os profissionais de saúde destes serviços podem acolher e auxiliar pessoas que estejam apresentando problemas de saúde mental.

Serviços de Urgência e Emergência: Em caso de uma situação de urgência ou emergência é possível entrar em contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), por meio de ligação telefônica gratuita (linha 192) e com as Unidades de Pronto Atendimento 24h (UPA 24h).

Caso tenha dúvida, procure o serviço de saúde mais próximo de sua residência e explique ao profissional de saúde o que está acontecendo. Este profissional poderá lhe auxiliar na melhor forma de buscar ajuda!

A maioria das pessoas com qualquer transtorno psicótico, incluindo a esquizofrenia, não são sempre agressivas, violentas ou perigosas. É mais comum pessoas com esses tipos de transtornos sofrerem violência do que causarem. Entretanto, é necessário destacar que a falta de tratamento para o transtorno psicótico, somado ao uso de drogas, pode levar a um comportamento agressivo.

Não é necessário ter medo de alguém que tem um transtorno psicótico. Todas as pessoas merecem respeito, atenção e cuidado!

Ser diagnosticado com um transtorno psicótico não significa que a pessoa não possa trabalhar. Pessoas com esquizofrenia ou outro transtorno psicótico podem viver de forma independente, estudar e manter um emprego. Para isto ser possível, é fundamental realizar o tratamento adequadamente. Pessoas com transtornos psicóticos podem viver plenamente, ser produtivas e alcançar grandes sucessos pessoais e profissionais! Acredite que a recuperação é possível!

Pessoas com esquizofrenia ou outro transtorno psicótico podem manter relações amorosas saudáveis e duradouras. Viver com psicose não impossibilita a pessoa diagnosticada de conhecer pessoas, fazer amigos e encontrar um amor. Todo mundo pode e merece amar e ser amado. Entretanto, é importante estar atento aos obstáculos que podem surgir no caminho.

Manter relacionamentos amorosos dão trabalho e, como em qualquer relação, é comum a vivência de conflitos e desafios. Além disso, os sintomas da doença também podem causar dificuldades no relacionamento. Vivenciar sintomas psicóticos (delírios e alucinações), dificuldades de expressar sentimentos e emoções, o isolamento de amigos e familiares, bem como, os efeitos adversos dos medicamentos podem atrapalhar o estabelecimento de relacionamentos amorosos. Assim, é essencial realizar o tratamento do transtorno psicótico, de forma correta e contínua, para diminuir o impacto da doença na vida amorosa e social. Um bom tratamento pode auxiliar na redução dos sintomas, no enfrentamento dos desafios da doença, bem como, a fortalecer a confiança e melhorar a comunicação com outras pessoas.

É importante destacar que ninguém precisa ter pressa para começar a namorar e ter um relacionamento amoroso. Antes de começar a se envolver com alguém é extremamente importante cuidar da saúde mental, se sentir confortável para estar com alguém, e saber se é o momento certo para iniciar um relacionamento. A pessoa deve levar o tempo que for necessário para se sentir pronta para essa experiência da vida!

Todas as pessoas devem cuidar de sua saúde mental. Algumas atitudes podem contribuir para que a pessoa com transtorno psicótico possa viver uma vida com maior qualidade, bem como, para evitar a piora da doença. Entre as recomendações para uma vida mais saudável estão:

• Não acredite no mito de que uma pessoa com um transtorno psicótico não pode melhorar e é incapaz de ter uma vida com qualidade;
• Leve o seu transtorno a sério e cuide de sua saúde mental;
• Pratique atividades físicas e cuide da saúde do seu corpo;
• Mantenha uma alimentação saudável e equilibrada;
• Evite o uso de drogas como bebidas alcoólicas (por exemplo, cervejas, vinhos, pingas), cigarro, maconha, crack, cocaína, entre outras;
• Construa relações saudáveis com amigos e familiares;
• Estabeleça uma rotina diária: equilibrando atividades de trabalho e/ou estudo e de lazer/relaxamento; definindo horário para descanso, refeições e cuidados de higiene pessoal;
• Cuide do sono, buscando dormir em quantidade suficiente, sem interrupções e acordar descansado;
• Faça atividades prazerosas, como, por exemplo, assistir filmes, sair com amigos, ter contato com a natureza, dançar ou ouvir músicas;
• Aprenda meios para lidar com sentimentos angustiantes e com o estresse da vida;
• Conheça a si mesmo, identificando seus limites para não se sobrecarregar, reconhecendo seus sentimentos e fatores estressores;
• Busque ajuda de profissionais de saúde para cuidar do seu corpo e mente, sempre que for necessário;
• Realize o tratamento psiquiátrico corretamente: compareça em todas as consultas e atendimentos agendados;
• Utilize os medicamentos corretamente, do jeito que foi combinado com o médico;
• Não deixe de usar os medicamentos, mesmo que não esteja apresentando sintomas ou que eles estejam controlados. Parar o tratamento medicamentoso por conta própria pode levar a uma nova crise do transtorno psicótico.

O cuidado em saúde mental é fundamental!

Todas as pessoas, sem discriminação, têm direitos garantidos por lei. Com pessoas com diagnóstico de transtornos psicóticos isso não é diferente. Esses direitos devem ser protegidos, promovidos e cumpridos. Entre os principais direitos estão:

• Não ser discriminado devido ao diagnóstico de transtorno mental. Todos devem ser tratados com respeito e de forma não violenta;
• Poder expressar opiniões e ser ouvido;
• Acesso à assistência em saúde de qualidade para o tratamento de condições de saúde física e mental (cuidado humanizado, justo e adequado);
• Acesso à informação em saúde;
• Ter acesso à moradia adequada, transporte, serviços sociais, educação de qualidade, cultura, lazer e esporte;
• Viver e trabalhar na comunidade (não devem ser excluídos da vida na sociedade);
• Acesso a oportunidades de trabalho que sejam justas e sem exploração;
• Direito aos benefícios de assistência social (Benefício de Prestação Continuada) e previdência social (Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez), caso a pessoa esteja impedida de trabalhar.

Busque os seus direitos e trate com respeito!