Palavras importam: saiba utilizar termos corretos ao falar sobre os transtornos psicóticos e saúde mental 

jun 25, 2022 | 0 Comentários

É muito importante falar sobre saúde mental e sobre os transtornos psicóticos, mas você já parou para pensar na forma certa de se conversar sobre esses assuntos? Caso você se sinta inseguro (a) sobre como falar sobre saúde mental de maneira mais cuidadosa, empática e respeitosa, estamos aqui para lhe ajudar!

O primeiro passo para abordar a saúde mental com mais responsabilidade é entender que palavras importam. Ao falarmos sobre saúde mental da maneira errada podemos contribuir para aumentar o preconceito, estigma e discriminação vivenciados por pessoas diagnosticadas com transtornos psicóticos1. O preconceito e o estigma podem fazer com que a pessoa que esteja apresentando psicose fique com vergonha de procurar ajuda e tomar os medicamentos; pode diminuir a autoestima, autoconfiança e qualidade de vida; e até mesmo fazer com que ela pare de ter contato com amigos e familiares. Assim, devemos estar atentos às palavras e expressões que usamos para evitar magoar e ofender outras pessoas. Veja algumas recomendações para falar sobre os transtornos psicóticos com mais cuidado:

  • Utilize uma linguagem não preconceituosa ou discriminante;
  • Incentive as pessoas com doença mental a procurar ajuda;
  • Evite o compartilhamento de ideias falsas ou informações incorretas sobre os transtornos psicóticos: ter o diagnóstico de um transtorno psicótico não torna a pessoa mais criativa, incapaz ou violenta;
  • Não rotule a pessoa pelo diagnóstico que ela apresenta, pois o diagnóstico não representa o que ela é. Toda pessoa possui uma história de vida, sonhos e sentimentos, que devem ser respeitados e valorizados.

Confira também este quadro que apresenta dicas interessantes para evitar uma linguagem preconceituosa ao discutir sobre os transtornos psicóticos 1-3:

Em vez de falar isso…Fale isso…Por quê?
[Nome] é esquizofrênico (a) / psicótico (a).[Nome] tem esquizofrenia / está vivendo com esquizofrenia.A pessoa que vive com psicose é muito mais do que a sua condição de saúde. Não rotule!
[Nome] é doente mental.[Nome] está vivendo com uma doença mental / passando por uma doença mental.A pessoa que vive com um transtorno mental é muito mais do que a sua condição de saúde. Não rotule!
[Nome] é surtado (a) / louco (a) / louco (a) de pedra / maluco (a) / doido (a) / maníaco (a) / retardado (a).[Nome] está vivendo com uma doença mental / passando por uma doença mental.  Essas palavras são preconceituosas e, ao utilizá-las, podemos magoar e ofender pessoas com  diagnóstico de transtorno mental.
[Nome] parece normal / não tem ‘cara’ de esquizofrênico (a).Não faça esse tipo de comentário.Não existe um padrão de “normalidade”, cada pessoa tem seu jeito. Além disso, doenças mentais não têm ‘cara’.
[Nome] sofre / está lutando com uma doença mental.[Nome] vive / está experienciando uma doença mental.Não devemos retratar a pessoa com transtorno mental como vítima.
[Nome] é uma inspiração.Não faça esse tipo de comentário.Pessoas com transtornos psicóticos não existem para inspirar quem não vive com psicose.
Meu dia foi muito esquizofrênico.Meu dia foi muito complicado / difícil / corrido.Usar esta expressão reforça o preconceito de que as pessoas com esquizofrenia vivem constantemente com psicose.

Campanha Ouçam Nossas Vozes: Dicionário Anticapacitista em Saúde Mental

A campanha de conscientização “Ouçam Nossas Vozes” lançou em 2022 o “Dicionário Anticapacitista em Saúde Mental”, cujo objetivo é apresentar expressões sobre saúde mental e esquizofrenia que não devem fazer parte do nosso vocabulário. Assim, o dicionário é um recurso importante para conscientizar a população sobre a importância do combate ao estigma e preconceito associados às pessoas com esquizofrenia e outros transtornos psicóticos3.

O material foi elaborado pela Janssen, empresa farmacêutica da Johnson & Johnson, em parceria com o Programa de esquizofrenia (PROESQ) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Associação Mãos de Mães de Pessoas com Esquizofrenia (AMME), a Associação de Crônicos do Dia a Dia (CDD) e a Associação Gaúcha de Familiares e Pacientes Esquizofrênicos (Agafape)3. É possível acessar o material clicando neste link.

Referências:

  1. Srivastava K, Chaudhury S, Bhat PS, Mujawar S. Media and mental health. Ind Psychiatry J. 2018 Jan-Jun;27(1):1-5. doi: 10.4103/ipj.ipj_73_18.
  2. Centre for Addiction and Mental Health. Words Matter – Learning how to talk about suicide in a hopeful, respectful way has the power to save lives. Disponível em: <https://www.camh.ca/en/today-campaign/help-and-resources/words-matter>. Acesso em: 08 de jun. de 2022.
  3. Janssen – Johnson & Johnson. Dicionário Anticapacitista em Saúde Mental: expressões sobre esquizofrenia e saúde mental que não devem fazer parte do nosso vocabulário. Disponível em: <https://www.janssen.com/brasil/sites/www_janssen_com_brazil/files/dicionario_a4_digital_campanha_oucam_nossas_vozes_janssen_310522_v2.pdf>. Acesso em: 08 de jun. de 2022.

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